Reforma derrotada... <em>Por agora!</em>
Por uma diferença mínima, a oposição derrotou a proposta de reforma, desenhada para avançar na construção do socialismo bolivariano. Obteve um pouco mais de 4500 milhões de votos: quase 200 mil menos do que nas eleições de 2006. O chavismo totalizou perto de 4400 milhões de votos: menos 3 milhões do que na mesma eleição. Um considerável número de abstencionistas bolivarianos ditou a derrota da reforma. Resultado: segue vigente a Constituição de 1999, a primeira aprovada em referendo, à qual se opôs tenazmente a oposição que, agora, a defendeu com unhas e dentes. Oxalá seja para a respeitar e não para repetir assaltos como o de Abril de 2002.
Um minuto depois de o Conselho Nacional de Eleições (CNE) ter anunciado os resultados, Hugo Chávez reconheceu sem nenhuma vacilação a derrota da sua proposta. Por agora, frisou, recordando as palavras que fizeram história em 1992. Se o resultado fosse exactamente ao contrário teria a oposição o mesmo comportando democrático? É difícil responder afirmativamente, considerando que anda há anos a acusar o CNE de estar vendido ao governo. Contudo, é importante destacar que alguns dos seus líderes reconheceram – domingo – que Hugo Chávez ganhou as presidenciais de 2006! Por outro lado, o seu ex-candidato presidencial solicita que se aprovem já duas leis: a jornada laboral de seis horas e a assistência social para os trabalhadores não dependentes. Ambas estavam contidas na reforma agora derrotada...
É tarefa dos bolivarianos analisar as causas da derrota. Algumas estão à vista. A manipulação dos média nacionais, que actuaram despudoradamente como partidos políticos, e a da grande maioria dos internacionais, que despejaram um ódio doentio sobre Hugo Chávez. A hierarquia religiosa, que cerrou fileiras com o obscurantismo e pôs vários templos ao serviço da conspiração. A violência de direita, que provocou mais de um morto durante a última semana. Os milhões de dólares da CIA. As provocações de Aznar, Uribe e Cia.
Outras têm a ver com as razões pelas quais o «povo bolivariano» não acompanhou o seu presidente. Talvez não tenha sido devidamente informado e falte mais preparação ideológica. Contudo, é importante que, com toda a carga de um passado histórico em contra, quase 50% do eleitorado tenha votado pela opção socialista. As revoluções nem sempre avançam em linha recta, mas os excluídos de sempre não perdem a esperança de fazer parte dos incluídos, sem que isso signifique a exclusão das classes médias e dos historicamente privilegiados, que terão de aprender, isso sim, que a «Venezuela agora é de todos» e não só de cem famílias tradicionais, na sua maioria brancas e de procedência europeia.
Mentir até ao ultimo momento
Perdeu-se uma batalha, mas as forças progressistas, tal como afirmou Hugo Chávez, têm de ser corredores de fundo. A reacção não desiste de estrangular a revolução. E manipulará tanto quanto puder. Na véspera da votação, Dana Perino, porta-voz de Bush, manifestou-se «preocupada» por as «pessoas não poderem ter umas eleições justas e livres» e denunciou que o referendo se faria «sem a presença de observadores internacionais». Como assumimos que não é ignorante concluímos que é mentirosa. Além dos nacionais, houve mais de 100 observadores internacionais de 50 países. Por outro lado, cada um dos dois blocos teve direito a 15 convidados devidamente credenciados pelo CNE. No bloco do «não» estava Mireya Moscoso, ex-presidente do Panamá, a mesma que na véspera de entregar o poder pôs em liberdade o terrorista Posada Carriles. Outra «jóia» do mesmo bloco foi o neoliberal Jorge Quiroga, ex-mandatário da Bolívia, ao qual foi retirada a credencial, numa decisão unânime do CNE, por intromissão nos assuntos internos da Venezuela e agressão verbal contra as suas autoridades.
Uma das melhores formas de conspirar é criando escassez artificial de produtos de primeira necessidade. Ainda que o parque industrial esteja a trabalhar quase na sua capacidade total, a falta de alguns bens é real. Primeiro porque as classes mais baixas agora têm acesso a eles e segundo porque muitas empresas os açambarcam como forma de sabotagem. No dia do referendo, as autoridades descobriram sete mil quilos de leite em pó e mais de dois mil quilos de açúcar escondidos nos armazéns de uma das mais importantes redes de supermercados. Trata-se de Central Madeirense, propriedade de portugueses.
Um minuto depois de o Conselho Nacional de Eleições (CNE) ter anunciado os resultados, Hugo Chávez reconheceu sem nenhuma vacilação a derrota da sua proposta. Por agora, frisou, recordando as palavras que fizeram história em 1992. Se o resultado fosse exactamente ao contrário teria a oposição o mesmo comportando democrático? É difícil responder afirmativamente, considerando que anda há anos a acusar o CNE de estar vendido ao governo. Contudo, é importante destacar que alguns dos seus líderes reconheceram – domingo – que Hugo Chávez ganhou as presidenciais de 2006! Por outro lado, o seu ex-candidato presidencial solicita que se aprovem já duas leis: a jornada laboral de seis horas e a assistência social para os trabalhadores não dependentes. Ambas estavam contidas na reforma agora derrotada...
É tarefa dos bolivarianos analisar as causas da derrota. Algumas estão à vista. A manipulação dos média nacionais, que actuaram despudoradamente como partidos políticos, e a da grande maioria dos internacionais, que despejaram um ódio doentio sobre Hugo Chávez. A hierarquia religiosa, que cerrou fileiras com o obscurantismo e pôs vários templos ao serviço da conspiração. A violência de direita, que provocou mais de um morto durante a última semana. Os milhões de dólares da CIA. As provocações de Aznar, Uribe e Cia.
Outras têm a ver com as razões pelas quais o «povo bolivariano» não acompanhou o seu presidente. Talvez não tenha sido devidamente informado e falte mais preparação ideológica. Contudo, é importante que, com toda a carga de um passado histórico em contra, quase 50% do eleitorado tenha votado pela opção socialista. As revoluções nem sempre avançam em linha recta, mas os excluídos de sempre não perdem a esperança de fazer parte dos incluídos, sem que isso signifique a exclusão das classes médias e dos historicamente privilegiados, que terão de aprender, isso sim, que a «Venezuela agora é de todos» e não só de cem famílias tradicionais, na sua maioria brancas e de procedência europeia.
Mentir até ao ultimo momento
Perdeu-se uma batalha, mas as forças progressistas, tal como afirmou Hugo Chávez, têm de ser corredores de fundo. A reacção não desiste de estrangular a revolução. E manipulará tanto quanto puder. Na véspera da votação, Dana Perino, porta-voz de Bush, manifestou-se «preocupada» por as «pessoas não poderem ter umas eleições justas e livres» e denunciou que o referendo se faria «sem a presença de observadores internacionais». Como assumimos que não é ignorante concluímos que é mentirosa. Além dos nacionais, houve mais de 100 observadores internacionais de 50 países. Por outro lado, cada um dos dois blocos teve direito a 15 convidados devidamente credenciados pelo CNE. No bloco do «não» estava Mireya Moscoso, ex-presidente do Panamá, a mesma que na véspera de entregar o poder pôs em liberdade o terrorista Posada Carriles. Outra «jóia» do mesmo bloco foi o neoliberal Jorge Quiroga, ex-mandatário da Bolívia, ao qual foi retirada a credencial, numa decisão unânime do CNE, por intromissão nos assuntos internos da Venezuela e agressão verbal contra as suas autoridades.
Uma das melhores formas de conspirar é criando escassez artificial de produtos de primeira necessidade. Ainda que o parque industrial esteja a trabalhar quase na sua capacidade total, a falta de alguns bens é real. Primeiro porque as classes mais baixas agora têm acesso a eles e segundo porque muitas empresas os açambarcam como forma de sabotagem. No dia do referendo, as autoridades descobriram sete mil quilos de leite em pó e mais de dois mil quilos de açúcar escondidos nos armazéns de uma das mais importantes redes de supermercados. Trata-se de Central Madeirense, propriedade de portugueses.